Hoje pela manhã o IBGE divulgou a leitura para o IPCA referente ao mês de junho. Na passagem do mês, a inflação ficou em apenas 0,21%, em importante surpresa de baixa. Tanto nós como a mediana no mercado esperávamos a inflação em 0,3% neste mês vindo de 0,46% ainda em maio.
Fonte: IBGE, Skopos
Já se esperava alguma descompressão na margem para este IPCA mas o realizado foi uma boa surpresa, com leitura benigna inclusive na dinâmica dos núcleos e nos itens mais sensíveis ao ciclo. Em junho, os preços de serviços subiram apenas 0,04% (de 0,4% em maio), mas com importante influencia baixista vindo de passagem área (-9,88%), item de grande volatilidade. No mesmo sentido, quando investigamos a dinâmica dos serviços subjacentes, de melhor aderência com a atividade e menor volatilidade, notamos também desinflação relevante. Na margem, a alta foi de 0,36%, vindo de 0,41%.
Fonte: IBGE, Skopos
Os preços de alimentação também contribuíram com surpresa de baixa, com alta de 0,47% ante alta esperada em 0,55% por nós. Os impactos oriundos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a alimentação se mostraram mais brandos, reduzindo temores de uma inflação mais consistente neste item.
Olhando a média móvel de 3 meses para os grupos do IPCA, já anualizando e extirpando os efeitos sazonais, a leitura também é positiva para a inflação. Os tão observados serviços subjacentes cederam a 4,49%, em consistente trajetória de desinflação. Á título de ilustração, ainda em janeiro este grupo rodava a 6,2% nesta métrica. Já a média dos cinco núcleos acompanhadas pelo BCB ficou a 0,23% nesta leitura, também em desaceleração ante os 0,38% de maio. Na média móvel anualizada e dessazonalizada, a média dos núcleos roda a 3,5%.
Em nossa leitura, os dados para o IPCA de junho devem contribuir para a dinâmica de melhora nos ativos que temos visto. Em particular, deve contribuir para reduzir parte da precificação de alta de juros ainda este ano. Resta ainda bastante prêmio oriundo das discussões e temores relativos ao fiscal e ao câmbio, mas no que compete à inflação a situação é efetivamente melhor. Podemos ver também maior acomodação no processo de desancoragem, dada a dinâmica benigna da inflação corrente. Projetamos IPCA a 3,9% este ano, já contemplando o recente reajuste da Petro. Para 2025, trabalhamos com 3,5%.
Fonte: IBGE, Skopos
Fonte: IBGE, Skopos